29.7.07

Caderno de estudos para as férias

Em Imagens sem disciplina referencia-se o livro The Return of the Real de Hal Foster que explica os desenvolvimentos artísticos e a paisagem teórica dos últimos trinta anos, expressando esse período como um momento que marca a viragem de um radical neovanguardismo para um pós-modernismo não unitário que sempre oscilou entre um pós-estruturalismo, ou uma crítica da representação mediatizada, e um certo neoconservadorismo. Central no seu estudo é a oposição que efectua sobre a desvalorizaçao das neovanguardas como empreendida por Peter Bürger em Theorie der Avantgarde de 1974, onde o filosofo alemão negaria as potencialidades afirmativas das neovanguardas dos anos 60 e 70, considerando-as institucionalmente fracassadas por comparação com as vanguardas históricas, e uma repetição que teria transformado a anti-arte em artisticidade e a transgressividade em instituição.
Para Hal Foster, o pensamento crítico de Bürger está dependente da ideia mítica que só valoriza a pureza de um momento original, que para o autor é representado pelas vanguardas históricas, para alem de desconhecer os pormenores dos movimentos estéticos que quis generalizar.
Hal Foster propõe duas criticas a este pensamento mitico-originário: uma fundada na noção de paralaxe, outra na acção diferida.
  • Paralaxe diz-nos que a construção do passado está dependente da nossa posição presente, e consequentemente esta é redefinida por essa construção do passado numa mutabilidade interminável
  • Acção diferida reporta-se ao facto de que um evento tem um registo traumático quando é retomado, um processo retroactivo, ou seja, os actos de ruptura ou fundacionais apenas são-no quando confirmados uma segunda vez